Terceira Safra
Função
[Verso 1: Projota]
Nasci sem nada, sempre um passo atrás
Disposto à guerra se ela me trouxer paz
Nem um passo a mais, se o plano é falho então
Sem brincadeira que essa porra é meu trabalho, jão
Conheço o caos que causa ação
Balas sempre, falam muito mais que oração
Quase sem coração, cheio de munição
Vermes e demônios vivendo entre a redenção
Nego, foco nas teck, no sangue em cada rap, viu
A verdadeira função é salvar os moleque, tio
Que tão perdido no ódio avançando com as uzi
E invadindo as goma e afogando as madame em jacuzzi
Trago esperança, então vem se você tá vivo
Um novo time, mas com o mesmo objetivo
Isso é favela, rumo a libertação
Hoje meu povo mais perto da projeção

[Verso 2: Terceira Safra]
Desde o meu início eu vejo o fim
Em parcelas o tempo passa, ninguém nota e sempre foi assim
Porém, não sofri tudo aquilo em vão
A falta do chinelo até hoje me lembra de manter meus pés no chão
E a esperança da melhora no coração
Ou é isso ou eu me torno oposição
Pagamentos, enxurradas, ventos levam casas, mas meu sonho não
Constroem muros e a gente pula, aprende, esse é o nosso plano de fuga em ação
Mal que se quis, depois da tortura ainda sorrir feliz
Já não há mais como voltar, então pra frente avante
Foco no trajeto durante as noites e dias de ódio
Que usamos de força motriz
Dessa potência de fazer vencedor
Sou a colheita da safra, já fui semente que o bom coração plantou
Tô com quem acreditou, não quem achava que morreu
Não vejo mais a luz no fim do túnel por que ela sou eu

[Verso 3: Terceira Safra]
Foi em meio ao caos pessoal que eu escolhi meu caminho
Risquei da vida a derrota e não fiz dela o destino
Fui condenado ao fundo do poço sem esperança nenhuma
Meu coração perigoso foi lapidado nas rua
Sobrou palavras pra mostrar que não ia dar certo
Bastou confesso aos que levou meu sonho a sério
Perdidos em anos sem rumo sem encontrar uma saída
Mãos humildes estendidas nunca serão esquecidas
Sei muito bem da responsa que a vida cobra por erro
O peso dele nas costas me faz dobrar os joelhos
E ser homem de verdade a cada manhã que nascer
Trilha a nossa missão, que a função também é pra você
Carai, se for unido o Rap nunca cai
Me faz ser militante igual meus ancestrais
Num vim a toa no mundo pra admitir opressão
Gladiador sofredor, amo a minha função

[Verso 4: Artigo]
Peço licença, a meu parceiro consideração
Antes amigo, hoje irmão, fonte de inspiração
Eu sou o Artigo, e conforme aprendi
Não rimo pra te divertir viu, nem por diversão
Mesmo que cause aversão, essa é minha versão
A verdade dói, porém a mentira destrói
Falsidade corrói, perdoam constrói, então
Que haja precaução, proteção, projeção
Ramon Maia, Tiago Sabino, mais os menino
Projeção projeta sonho, projetor é o destino
Coração é tipo um bumbo, vida é como um clap
Rap vive sem mim, mas eu não vivo sem o Rap
Uns acham que ter é menos importante que ser
Vou morrer sem explicar e vou viver sem entender
A meta da massa é beber, cair e levantar
A nossa é por o boot, pegar o mic e revolucionar

[Verso 5: Projota]
Família em primeiro lugar, em segundo também
A minha é grande, quero ela toda vivendo bem
Não serei um ninguém, nem que eu mude o mundo
Pois se o mundo não tem compaixão e eu não terei também
Hein? Quem te botou essa algema, neguin?
Quem te falou que todo o problema é ruim?
Eu tenho dois ou três por dia, melhor que a mente a vazia
Sem ter pelo que lutar, a vida de um guerreiro chega ao fim
Vida boa eu já até quis ter, mas não sonho com cheques ter
Eu morro e renasço, fênix Dexter
Iguais, somos tais, como somos tão leais
Cromossomos tão vitais, fomos mais, somos mais
Somos herdeiros de uma só raça, humanidade
Os hospedeiros de uma só farsa, a tal liberdade
Entre quem fala que é e quem mostra que é
Eu sei bem quem é o melhor jogador de verdade

[Scratchs]