Genius Brasil
Prêmio Genius Brasil de Música 2021
Prêmio Genius Brasil de Música 2021Infelizmente, em 2021 tivemos outro ano tomado pela pandemia do COVID-19 que consequentemente afetou a cena musical. Iniciando o ano ainda longe dos shows, muitos artistas mostraram sua evolução com projetos ousados. Continuamos com drill e grime ganhando ainda mais espaço na cena, e o trap e o clássico boombap ainda em destaque a nos impressionar. Com uma melhora da pandemia a partir do segundo semestre, começamos a ver o retorno dos eventos musicais, sendo um respiro aos artistas e fãs, que começaram a se reconectar aos artistas. Isso também refletiu em um período com muitos lançamentos excepcionais e o rap continuou a figurar nas paradas e playlists de todo o Brasil, batendo de frente com sertanejo e funk entre as mais tocadas. Também foi um ano no qual vimos cada vez mais artistas emplacando patrocínios com grandes marcas e aparecendo nas trilhas sonoras de comerciais, novelas, séries e filmes.

É mais um ano que tradicionalmente não poderíamos deixar de avaliar os melhores artistas e as melhores obras do ano.

O Prêmio Genius Brasil, realizado desde 2014 com o objetivo de valorizar, criar pontes, e dar visibilidade às produções musicais brasileiras realizadas no ano, chega à sua 8ª edição com diversas novidades. Entre elas, a adoção de 5 novas categorias: Produtor Revelação do Ano, Produção Instrumental do Ano, Arte de Capa do Ano, Letra Genius e Contribuição a Cultura.

Além disso, também decidimos adotar um Júri Técnico, formado por produtores, ilustradores, DJ's, fotógrafos, diretores, filmmakers e vários profissionais da cena. Também convidando para o Júri Geral, várias mídias e convidados especializados na cultura hip-hop, algo que não acontecia desde 2017.

E assim dividimos as categorias em Categorias Técnicas (Arte de Capa do Ano, Videoclipe do Ano, Produtor do Ano, Produção Instrumental do Ano e Produtor Revelação do Ano) e Categorias Gerais (Revelação do Ano, Letra Genius, Música do Ano e Disco do Ano)

Aliado a tudo, decidimos realizar a 1ª Cerimônia de Premiação do Prêmio Genius Brasil. Devido ao surto de gripe e da nova variante da COVID-19, optamos por um formato totalmente online, que será transmitido em nosso canal do Youtube, no dia 13 de março.Como funcionou a votação?

A votação foi feita por duas etapas: Lista Preliminar e a Lista Final.

Cada júri, individualmente, escolheu o top 10 de cada categoria, resultando na Lista Preliminar com os nomes/obras mais votados.

A Lista Preliminar de cada categoria passou pelo critério da Visão Genius, que busca ampliar a visibilidade de artistas mulheres, indígenas e LGBTQIA+ e valorizar artistas e obras de todas as regiões do Brasil.

Após a avaliação da Lista Preliminar pelos critérios da Visão Genius, formou-se a Lista Final com 10 indicados e 1 vencedor.Obras e nomes elegíveis:
Toda obra lançada entre 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2021 no gênero do de rap, grime, drill e outros gêneros e subgêneros próximos a estas culturas, foi considerada elegível para o prêmio.INDICADOSREVELAÇÃO DO ANO
Observamos muitos talentos novos que aparecem com habilidades e criatividade para andar entre o rap, o trap, o grime, o funk, o drill e até mesmo o pop, e se entrar neste universo tão versátil apresentando músicas, videoclipes ou mesmo discos que se destacam é um desafio ainda maior. E para além disso, cada vez mais os artistas desta categoria têm que se desdobrar para além da música, mostrando uma boa relação com o público nas redes sociais e conseguindo transformar sua arte nas mais diversas formas de expressão.

Os artistas indicados a categoria Revelação de 2021 e seu vencedor têm tudo para ditar os caminhos que a cena irá tomar nos próximos anos, sendo as referências para os artistas que surgirão daqui pra frente.PRODUTOR REVELAÇÃO DO ANO
Uma das novidades este ano nas categorias do Prêmio Genius Brasil de Música é dar um maior destaque aos produtores e produções instrumentais. Com a implementação de um júri técnico, abrimos espaço para dedicar uma categoria de revelação apenas para produtores.

A ideia é chamar atenção para aqueles produtores novos que estão desenvolvendo sons e técnicas diferentes, aproximando rap, trap, grime, funk, drill, pop e muitos outros sons. São aqueles produtores que têm um ouvido aguçado para samples, mudanças de beats e combinações de artistas que nunca imaginaríamos.VIDEOCLIPE DO ANO
É inegável que as produções audiovisuais têm um papel importantíssimo no lançamento de uma música ou projeto musical. Desta forma, não podemos deixar de valorizar os diretores que traduzem as ideias dos artistas em verdadeiras obras únicas, que elevam a experiência de ouvir uma música.

A categoria de Videoclipe do Ano tem se mostrado, em todas edições, uma das mais criativas e interessantes de se acompanhar. Este ano em especial, foi uma das selecionadas a compor as Categorias Técnicas, em que os próprios diretores e especialistas por trás das lentes que selecionaram a lista final de indicados.
Assim como já temos inúmeros discos e músicas clássicas, muitos videoclipes produzidos em 2021 tem potencial para se tornar os próximos clássicos e serem lembrados e reverenciados por muitos anos.ARTE DE CAPA DO ANO
Quando falamos das capas dos discos e singles, é sempre importante lembrar que esta é a primeira impressão sobre a obra de um artistas e muitas vezes pode ser tão impactante quanto a própria música produzida para tal.

A lista da categoria de Arte de Capa é uma das novas categorias do Prêmio e foi selecionada por um júri técnico composto pelos próprios fotógrafos, ilustradores e designers que trabalham na cena e a cada ano vem deixando marcas de seu trabalho a partir dessas produções.PRODUTOR DO ANO
O trabalho do produtor muitas vezes é deixado em segundo plano, mas cada ano que passa fica mais evidente o papel deste artista em algumas das obras que mais se destacaram nos últimos anos. São também eles os responsáveis por elevar os MCs e cantores para outros patamares, destacando toda sua habilidade vocal e rimas a partir de suas produções.

A versatilidade, por exemplo, é uma das marcas principais dos Produtores e Produtoras, uma vez que cada vez mais temos diferentes gêneros e subgêneros sendo desenvolvidos, bem como a necessidade de aproximar as músicas de uma realidade mais popular.PRODUÇÃO INSTRUMENTAL DO ANO
Uma das categoria estreante de 2021 pretende chamar atenção para a criatividade do produtor em uma faixa individual, sendo ela cantada ou instrumental. Seja a partir de samples, drum kits, instrumentos ou outros sons captados das mais diversas formas, a ideia é exaltar as faixas mais bem produzidas de 2021.

A categoria de Produção Instrumental, também selecionada por um júri técnico de produtores e DJ convidados, é mais uma maneira de valorizar o trabalho dos produtores e produtoras que têm elevado a cada ano o nível da nossa cena.LETRA GENIUS
Nessa 8ª Edição teremos uma categoria que personifica a ideia do Genius: valorizar as composições escritas e seus significados. A categoria de Letra Genius busca enaltecer cada música do ponto de vista das palavras e significados. Desta forma, buscamos no ano de 2021 aqueles versos, pontes e refrãos que combinados impressionam e marcam para além da própria música.

Versos que têm a capacidade de nos fazer refletir, refrãos que vão ficar marcados por muito tempo ou mesmo combinações de composições de artistas diferentes que nunca imaginaríamos que daria certo. O objetivo é valorizar a letra da música como um todo, do início ao fim.MÚSICA DO ANO
A Música do Ano pode ser aquela que se tornou um hit incontestável, ou aquela faixa que ficou marcada pela composição e produção impecáveis, resumindo a obra de um artista, ou que contenha uma colaboração inesperada e surpreende, pela união de dois ou mais universos criativos.

Escolher as músicas que ficarão registradas na lista de indicadas e aquela que ficará como a mais representativa de 2021 se mostra, portanto, um tremendo desafio, uma vez que composição, produção, entrega e muitas outras características fazem parte desta escolha.DISCO DO ANO
A categoria mais esperada e mais importante é a do Disco do Ano. A produção de um disco envolve muito mais que o MC, é o conjunto do trabalho dele com os produtores, com fotógrafos, com ilustradores e os materiais de divulgação, com os diretores de videoclipe que transforma muitos dos conceitos em obras visuais, de toda uma equipe que dá suporte e ajuda na construção do artista e do disco em si.

É um processo que marca não apenas o artista, mas também retrata o contexto histórico e social de seu lançamento. É o conjunto de músicas que irá por muitos anos remeter às características daquele artista, de todo um movimento que o acompanha e trazer memórias para aqueles que ouviram a obra no seu lançamento ou que irão conhecer nos anos seguintes.VENCEDORESREVELAÇÃO DO ANO
Ouvi mais de uma vez de Victor Xamã que Nic era ‘o futuro do rap nortista’ e ele estava certo: não tem como falar de rap no Norte sem falar dela. Suas letras representam o espírito de luta e resistência intrínsecos ao povo cabano e, acima de tudo, apresentam a verdade e as vivências das periferias belenenses. O ano de 2021 e o “1.9.9.9” foram apenas um demonstrativo da grandeza e um degrau de uma brilhante carreira que Nic Dias está destinada a trilhar”
– Michel Chermont
‘Apadrinhado’ pelo Matuê, o baiano Teto combina os números com uma qualidade sonora única, fazendo algumas das faixas mais memoráveis de 2021. O EP “prévias.zip” se aproveitou do sucesso de suas faixas vazadas e colocou o MC entre os mais ouvidos e buscados nas mais diversas plataformas. Dessa forma, é inegável que o artista, mesmo com poucos trabalhos nas ruas, tem tudo para ficar no topo das paradas no próximo ano e ditar a tendência que será replicada por muitos outros, algo que inclusive já vem acontecendo”
– Kleber Briz
Se em 2021 muito se falou de Lacoste e whisky no círculo do rap, MD Chefe é um dos grandes responsáveis. O rapper carioca surgiu para a cena e explodiu por sua excentricidade. O tom de voz grave e a postura elegante ajudaram, mas foi a criatividade de abordar os temas já recorrentes no cenário sob uma nova ótica, até então inédita, que fizeram de MD Chefe e sua “ATG Tape” um sucesso instantâneo. Em tempos nos quais muito se discute a monotonia no rap, é bom ver a ascensão daqueles que tentam algo novo.”
– João GabrielPRODUTOR REVELAÇÃO DO ANO
O carioca Pedro Apoema tomou a cena com produções bastante originais, com destaque principalmente para suas produções com drill. Trabalhando com Big Bllakk, Nic Dias, Rod, Flora Matos, Derxan, CHS e muitos outros artistas de destaque, apesar de estar entre os nomes de revelação, o produtor parece um veterano, ainda mais quando olhamos para a qualidade musical de seus sons e a versatilidade que marcam suas instrumentais.”
– Kleber Briz
Após bons trabalhos no final de 2020, LARINHX fincou de vez seu nome no cenário nacional com seu álbum 'Eu Gosto de Garotas', no qual montou uma verdadeira seleção de 11 MCs mulheres do underground carioca, cantando em produções cheias de originalidade e com base principal no funk e rap, mas sempre utilizando outros elementos da nossa música, mostrando a grande versatilidade da produtora, cria da 'fábrica de MCs' que é a Baixada Fluminense.”
– Lucas Gabriel
Eu diria que é praticamente impossível se dizer fã de rap e não ter ouvido a tag “bigodin’ finin’, cabelin’ na régua, jogadão pelo Manguinho…” neste ano. Chris Beats não tinha muitas produções na pista, mas quem acompanhava a cena underground do RJ já sabia do seu potencial desde os primeiros lançamentos com a SoudCrime. As melodias que lhe deram tanto destaque sempre estiveram ali. Mas aí chegou 2021 e veio “Corte Americano”: um sucesso absoluto que alçou Chris Beats aos olhos do público e de outros artistas. Tanto é assim que, desde então, já trabalhou com artistas renomados como Flora Matos e MC Cabelinho e foi o único produtor a integrar as 3 categorias de produção no Prêmio deste ano, por escolha do júri técnico.
– João GabrielVIDEOCLIPE DO ANO
2021 foi - inegavelmente - o ano de Gloria Groove. A Lady Leste tem trazido produções excelentes há tempos, mas elevou o patamar durante o ano passado e nos entregou clipes e músicas igualmente memoráveis e “A Queda” é uma simbiose perfeita entre a visão artística de Felipe Sassi e Indio combinados com a entrega de Gloria. É uma felicidade saber que a música brasileira está em boas mãos
– Michel Chermont
Diego Fraga e Sidoka são uma dupla implacável e quem viu “Mabare” sabe da qualidade que os dois são capazes de nos entregar. “Culpado” é mais do que um bom clipe, Fraga nos entrega filmes. Filmes estes que se passam dentro das músicas do artista mineiro, cujos detalhes passam despercebidos pelo público. Esse clipe é, sem dúvida, um dos melhores da carreira de Sidoka, e uma das obras excepcionais de Fraga, com a total certeza que ainda virão várias outras tão impactantes quanto – Michel Chermont
Jorge Brivilati conseguiu acrescentar uma camada de complexidade na ideia dos vampiros utilizada nos videoclipes dos novos singles do Matuê. “Quer Voar” é o início dessa história: clima underground, indivíduos à margem da sociedade, forte inspiração em filmes de ação, cenas com carros, motos, laboratórios improvisados e um jogo de luz e cores invejável, que lembram muitos os filmes do Michael Bay. Toda essa estética combina muito com o próprio artista cearense, que mesmo tendo conquistado um inegável sucesso no mainstream quebrando inúmeros recordes, continua fiel a suas origens musicais. O MC também mostra com esse trabalho de Brivilati, que não é qualquer coisa que podemos esperar de sua música e todo o conjunto que acompanha sua arte. Mais uma vez um trabalho visual primoroso e merecedor do destaque concedido pelo nosso júri técnico.
– Kleber BrizARTE DE CAPA DO ANO
Para estampar o álbum DDGA, Rico Dalasam escolheu o diretor de criação Diego Limberti e a fotógrafa Lari Zaidan para traduzir em imagem os sentimentos de dor e alívio trazidos em toda a concepção visual do seu segundo volume. Nesse fervoroso trabalho, o rapper quebra seu hiato na música e transcende limitações e problemas enfrentados por ele durante esses anos. É uma obra completa e intimista, que demandou muita entrega dos escolhidos para que estivesse, sem sombra de dúvidas, na posição das melhores capas do ano.
– Ruthe Maciel
A qualidade e originalidade do trabalho da fotógrafa Steff Lima é suficiente para colocá-la como uma das referências da cena, tendo registros com diversos artistas do Rap, Funk e Pop nacional. Quando olhamos a capa do EP “Diretoria” de Tasha e Tracie com foto de Steff e design de Mayra Martins, rapidamente somos levados a pensar que o disco se trata de um trabalho com qualidade bruta, em todos os sentidos da palavra. A escolha pelo preto e branco prende nosso olhar para a capa e cumpre a função de nos avisar: esse não é só mais um disco, mas um trabalho que tem muito a dizer. As duas artistas envolvidas na capa se complementam para construir a melhor impressão possível para o que deverá ser um dos discos mais importantes da carreira das MCs paulistas.
– Kleber Briz
Um dos discos mais marcantes de 2021 tem igualmente uma das capas mais impactantes dos últimos anos. Marcelo Martins e LEALL idealizaram uma introdução perfeita para uma estreia, compilando todo o conceito do disco e do contexto carioca que formou o LEALL que conhecemos. O espelho sujo e a “encarada” no ouvinte retratam a ideia de ter um destino pertencente a um ciclo vicioso de violência, reflexo do meio em que está inserido. Por outro lado, a inocência representada pelas crianças vestindo o uniforme da rede pública de ensino, remetem a outra ideia importante: posso mudar meu destino? Para LEALL, pelo menos, seu nome se firma entre um dos mais importantes da atualidade com um disco que potencialmente se tornará um clássico, pela música, pela capa e por tudo que representa.
– João Gabriel & Kleber BrizPRODUTOR DO ANO
Roubando a cena e os ouvidos, Mu540 continua nos entregando algumas das produções mais interessantes e inovadoras. Embora esteja ao lado de alguns dos maiores talentos dos últimos anos, como Tasha & Tracie, Kyan e Febem, o produtor não deixa de se destacar, mesmo diante de nomes com tanta expressão. Uma das maiores marcas de suas produções é a sua capacidade de explorar e sair da zona de conforto, buscando sonoridades nos mais diversos ritmos e gêneros. Mostrando evolução a cada som que lança, não dá nem para imaginar o que podemos ter em termos de produção musical do Mu540 nos próximos anos, ao que tudo indica teremos seu nome figurando nas listas de melhores do ano por muito tempo.
– Kleber Briz
Como se já não bastasse ter produzido inúmeros discos e faixas clássicas nas últimas duas décadas, o incansável NAVE não para de nos impressionar e surpreender. Talvez sua maior qualidade é conseguir conversar com artistas completamente diferentes e fazer, cumprindo seu papel de produtor, com que suas vozes alcancem patamares que esses artistas ainda não haviam explorado. Só para ter uma ideia do seu impacto, só no ano passado, muitos dos trabalhos a qual NAVE esteve envolvido, como ‘NITRO’ da Bivolt, ‘Visão Periférica’ da Ebony e ‘RPA Vol.2’ do Don L, de três artistas completamente diferentes e diferentes regiões do país, tiveram inúmeras faixas produzidas por ele. Não há como falarmos de produção no Brasil sem colocar NAVE entre os melhores que já tivemos.
– Kleber Briz
Relativamente jovem na cena, com cerca de 5/6 anos de carreira, rapidamente Victor Hugo, conhecido como, Vhoor teve uma ascensão meteórica, não só no rap, mas na cena de produção em geral. Criativo e estudioso, é notável que o produtor mineiro esteja envolvido com alguns dos trabalhos de rap mais inovadores dos últimos anos e, em especial, em 2021, com o muito bem recebido ‘BAILE’, um disco que resgata as origens do Hip Hop revigorando o saudoso ritmo do miami bass. Mas não é só isso que torna Vhoor um dos nossos maiores produtores da atualidade, suas contribuições com músicas no drill, grime, trap e até mesmo boombaps mostram destreza e versatilidade nas produções. Graças a ele e outros talentos que assistimos surgindo, estamos prestes a viver um dos melhores momentos do rap nacional.
– Kleber BrizPRODUÇÃO INSTRUMENTAL DO ANO
Mesmo com tão pouco tempo na cena, Mu540 se tornou um dos produtores mais interessantes. Sempre imprevisível nas produções, é notável que Musão não se deixa fechado a outras sonoridades e gêneros, permitindo com que cada beat apresente elementos únicos. “SUV” não é diferente, um trap envolvente com ênfase na flauta que dita o ritmo mesmo na presença do bumbo típico deste tipo de som. E é claro, fazendo jus a esta excelente produção, Tasha, Tracie e Yunk Vino não desperdiçam essa produção única. Não tem como não se deixar balançar junto com essa faixa.
– Kleber Briz
"Bigodin finin, cabelin na régua
Jogadão pelo Manguinho
DJ Chris Beats!"
Com apenas 23 anos de idade, o DJ e produtor musical Chris Beats ZN já é uma referência na cena do rap nacional e lista inúmeros sucessos nas plataformas musicais, dentre elas, "Corte Americano". Em parceria com Filipe Ret e L7nnon, a música rendeu 51 milhões de plays no YouTube.
– Ruthe Maciel
Parceria entre os mineiros Vhoor e FBC, com participação especial da Mac Júlia, este single tornou-se um destaque no Tik Tok entre usuários famosos. A minuciosidade com que Vhoor trabalhou nesse som é de se admirar. Pensa só, trazer referências clássicas e misturá-las às atuais, confiando tudo para que essa faixa foco viralizasse entre o público?! Pois é. Segundo eles, "Se Tá Solteira" desde o início era isso mesmo, pensada para o sucesso. E deu muito certo. Não à toa, chegou ao trend das '50 virais do mundo' no Spotify.
– Ruthe MacielLETRA GENIUS
Quando falamos de letras, não teria como não colocar Don L como um dos melhores escritores do rap nacional, para não dizer de todos os gêneros da música brasileira. ‘RPA Vol.2’ traz inúmeras faixas que podemos passar horas pesquisando, refletindo e mesmo assim, depois de ouvir novamente e ler a letra, ainda iremos encontrar novos segredos escondidos na composição. Em especial, “pela boca” sintetiza com bastante precisão todo o disco, que traz a ideia de revolta e revolução, fazendo isso de forma envolvente e num ritmo que remete ao clímax de um filme. O refrão com Fabriccio e ecoar “vai morrer pela boca” complementam todo esse sentimento, mas são linhas como o “meu bonde é do Mao com O/boladão tipo Malcolm X/eles dizem que é mau com U/​é porque eles tão mal com L” que fazem qualquer ouvinte retornar para reviver o sentimento de ficar boquiaberto com a forma com que Don combina cada palavra.
– Kleber Briz
Capitães de Areia é um clássico da literatura brasileira, mas retrata uma outra época e a realidade de Salvador. Em “Pedro Bala”, LEALL consegue trazer a obra de Jorge Amado para a contemporaneidade e para um contexto ainda mais violento: o Rio de Janeiro, sem perder a essência da obra original, possibilitando, ainda, que muitos jovens conheçam o escritor baiano. Para além disso, a analogia feita com a granada no segundo verso é coisa de gênio, simplesmente. Tentar explicar a profundidade da música nestas poucas linhas é impossível. Por isso, fica a sugestão para que assistam o 'Explicando Linhas' que LEALL gravou sobre a faixa para nosso canal no YouTube. Na minha humilde opinião, um dos melhores episódios do quadro até então.
– João Gabriel
Ai de mim! Ditar e limitar “I Can See The Sun” em apenas uma letra boa. Dissecar todas as rimas e dizer que apenas estas são o suficiente para entender a faixa, fingindo assim que tudo sei. Mas sei que a poesia de VXamã e Zudizilla se resume em uma palavra: esperança. A esperança de que o sol vai surgir em um mundo cheio de julgamentos, que te jogam pra baixo em uma metrópole fria, onde temos que nos refugiar em nós mesmos e nos nossos sonhos. Enquanto VXamã retrata a melancolia e os caminhos nem sempre felizes de um poeta, Zudi fala sobre como buscar o alívio e o refúgio para os dias ruins. Poesias extremamente necessárias em tempos tão turbulentos dentro de um liquidificador de sonhos chamado Brasil.
– Michel ChermontMÚSICA DO ANO
Existem aquelas músicas que contam apenas o final das histórias: com o personagem já bem sucedido, sem falhas ou contradições. E existem também aquelas músicas que parecem mostrar o meio do caminho, que é tortuoso, acompanhado por mais dúvidas do que certezas, onde a esperança é o motor do personagem. Victor Xamã e Zudizilla se parecem neste ponto, pois fazem músicas do segundo tipo. O videoclipe de “I Can See The Sun” – que usa muito da arquitetura de São Paulo – ajuda a contar essa história de que existe um mundo caótico lá fora, e também o próprio caos dentro de nós. Para esses momentos, Zudizilla deixa um recado: “quando eu não tiver mais nada, seguro nos sonhos que já tive. Mesmo que ainda pareçam distantes, mesmo que no instante seja só crise”. Com uma produção já clássica do DJ Caique, esses são alguns dos elementos que fizeram de “I Can See The Sun” uma das maiores canções do ano.
– Marta Barbieri
"Ah yeah! “Rei Lacoste” foi uma dessas canções incontornáveis de 2021: você a ouviu em algum momento do ano (ou em vários). MD Chefe e DomLaike souberam criar o refrão dos sonhos, fácil de memorizar e com potência de hit. Essa é uma música sobre estilo de vida, que acaba por inspirar não só na maneira de vestir, como também na postura. Trilha sonora de muitos stories, de uma molecada 'vivona' e vivendo, de maneira chique e confortável – como deve ser!"
– Marta Barbieri
"Sabe aquele momento do rolê em que todos interrompem o que estão fazendo para poder dançar e cantar o som que toca? “Se tá solteira” tem esse efeito, é unânime a vontade de lançar o passinho. A faixa do ano tem a versatilidade de atingir uma geração que ouve música a partir das trends do TikTok e ainda acerta na nostalgia de quem viveu em bailes de outros tempos. O tempo em que o Miami Bass era o ritmo do momento. No Brasil, o ritmo foi incorporado como um dos ingredientes que compõem o funk. FBC e VHOOR souberam relembrar muito bem essa história de origem. “Se tá solteira” furou a bolha: pouco depois de seu lançamento, ela já figurava entre os 50 virais do mundo no Spotify. Mas para além de ganhar o mundo, FBC frisa sempre o valor que dá à sua área, e essa faixa relembra e exalta – para manter viva – toda cultura de comunidade."
– Marta BarbieriDISCO DO ANO
“Óperas são composições dramáticas em que se combinam música, instrumental e canto, em que o drama é apresentado por cenografias, vestuários e atuações marcantes. Ainda que a história de Pagode e as pessoas da comunidade da UFFÉ não se passem dentro de um teatro, FBC & VHOOR conseguem nos transportar para as vielas de Belo Horizonte onde a história acontece, e o fazem pelas batidas do Miami Bass que resgatam a nostalgia dos bailes dos anos ‘90 e ‘00. Não arrisco em dizer que “BAILE” é uma obra quase completa, e o quase se dá unicamente porque FBC criou um universo tão rico que é difícil contar todas as histórias em um único álbum.”
– Michel Chermont
“O primeiro disco de Leall é completo, é a perfeita continuação de trabalhos marcantes de artistas como MV Bill e Racionais, que em outras décadas, registraram de forma vívida as periferias brasileiras. A caneta do MC carioca chega acompanhado de produções de drill, idealizadas por um plantel de artistas invejáveis, Luna, Babidi, DIIGO, Tarcis, Nagalli e VHOOR, que se destacam por serem variadas, em alguns momentos depressivas e reflexivas, em outros cheias de adrenalina, mas que se completam à ideia do disco. Com uma capa daquelas de se fazer um quadro e idealizada por Marcelo Martins, ‘Esculpido a Machado’ tem todos os elementos para ser lembrado por anos e não tenho medo em dizer que muito em breve a ser considerado um clássico.”
– Kleber Briz
“É a minha história, eu carrego ela.’ A de mais um membro da diáspora, mais um nordestino ocupando os grandes centros. Em RPA ‘Vol. 3,’ Don relatou o enfrentamento às contradições das grandes metrópoles brasileiras e seu sistema cruel. Agora, sintetiza nossa situação como quem carrega debaixo do braço ‘O Manifesto Comunista,’ ‘O Capital,’ ‘As Veias Abertas da América Latina,’ ‘O Grande Sertão: Veredas,’ ‘Elite do Atraso,’ ‘Arte da Guerra’ e ‘Manual do Guerrilheiro Urbano’ buscando explicar quem somos e onde estamos na história e no fronte. Mais do que saber a diferença de ‘mau’ com ‘u,’ ‘mal’ com ‘l,’ Mao com ‘o’ e Malcolm X, essa obra é para provar a capacidade de relatar o microcosmo do Brasil, uma mente fervilhante e sempre insatisfeita, inquieta. Como ele adiantou, seguiram o Deus de Bolsonaro, o elegeram e relativizaram Hitler. É preciso recontar os corpos, encararmos nossa história e repararmos. Não se pode abaixar a cabeça nem a guarda quando se trata de defender nossa história.”
– Igor FrançaCONTRIBUIÇÃO À CULTURA
“O Centro Cultural Favela Cria está localizado em Teresópolis/RJ, local onde surgiu o ADL, e visa contribuir para a comunidade em que está inserida de inúmeras formas. No ano de 2021, em meio à pandemia e ao gelado inverno da cidade serrana, os organizadores se organizaram em turnos e abriram as portas da sede recém construída para abrigar moradores em situação de rua, provendo banho, refeição, cama e cobertores. Além disso, a iniciativa também apoia a formação escolar, oferece aulas de jiu-jitsu, curso de barbeiro e outras ações de cuidado à comunidade, como distribuição de cestas básicas. É também uma entre dezenas de casas de Hip-Hop espalhadas pelo Brasil que fazem trabalhos igualmente importantes para suas comunidades, mas que muitas vezes não recebem a atenção que deveriam. Com esse prêmio, esperamos que essas e outras iniciativas com as mesmas intenções se fortaleçam e continuem surgindo, provando que o Hip Hop muda e salva a vida de muitos jovens que se aproximam desta cultura.”
– João Gabriel & Kleber Briz