Depois do estrondoso sucesso de good kid m.A.A.d city, Kendrick e a TDE vĂŞm dominando e surpreendendo a todos, lançando projetos e artistas de qualidade constantemente. O rapper de Compton nĂŁo ficou parado nesses pouco mais de dois anos de sua grande estreia comercial, foram muitas participações e algumas faixas que causaram barulho nesse perĂodo, dentre elas o seu verso na mĂşsica Control, do Big Sean, e o primeiro single i, que marca uma nova fase do rapper, e de quebra finalmente o torna um ganhador do Grammy.
A mudança um tanto inesperada dividiu a opiniĂŁo de fĂŁs e de crĂticos, entretanto o MCEE nĂŁo apresentou em nenhum momento receio quanto Ă s suas escolhas. Entrevista apĂłs entrevista ele continuou a demonstrar sua posição com relação a violĂŞncia e tensĂŁo racial que aumenta a cada dia nos Estados Unidos, questões que inspiraram e refletiram claramente em suas novas mĂşsicas, clipe e apresentações ao vivo antes do lançamento do novo álbum - veja, por exemplo, a apresentação no programa The Colbert Report, ao lado de Thundercat, Bilal, Terrace Martin e Anna Wise que mais tarde estariam fortemente envolvidos no novo álbum.
Perto do lançamento, as informações sobre o álbum começaram a aparecer e animar cada vez mais os fĂŁs. Do lançamento de The Blacker The Berry, completamente oposta ao primeiro single, atĂ© a capa sem escrĂşpulos em frente a Casa Branca acompanhada do tĂtulo To Pimp A Butterfly (TPAB) demonstravam que o álbum teria uma temática arrojada por trás, que atĂ© entĂŁo ainda nĂŁo era muito clara. Mas sem remorso algum o álbum se tornou rapidamente uma bela mensagem para as questões raciais, sendo inclusive aclamado por fĂŁs, crĂticos e quebrando um recorde marcante dessa nova era digital da mĂşsica. Parece mesmo que Kendrick veio se firmar como um lĂder da nova geração, pronto para sair do seu casulo para dominar o mundo.Análises:O que dizer desse álbum? Todas as escolhas que o Kendrick fizeram me agradaram demais e superaram todas as minhas expectativas iniciais. Melhor que good kid, pior ou no mesmo nĂvel? Eu nĂŁo sei, mas sem dĂşvida sĂŁo novos ares, uma mudança necessária para que um artista como ele continue a ser referĂŞncia. A forte influĂŞncia do funk, jazz, blues e atĂ© mesmo spoken word caĂram como um luva na temática e na proposta ambiciosa do rapper, valorizar a cultura negra. TPAB Ă© bem pensado e o envolvimento de vários artistas em mais de uma mĂşsica demonstram o porquĂŞ de toda essa harmonia nas produções, o que tambĂ©m tornou o projeto bastante orgânico e conciso do inĂcio ao fim. Concluindo, se forem ouvir esse álbum, façam como se fosse um livro, apreciem com calma e se atenham aos detalhes. Nota: 10/10 - krayE aqui veio ele de novo. “Ah, o GKMC foi o auge”. “Ele vai precisar fazer algo muito diferente para se manter no jogo”. Mano. Para. Escuta esse álbum. É a coisa mais real que eu ouvi de um rapper da ”nova geração”. Superou o GKMC no conjunto da obra. E que conjunto. Se tem um álbum que merece a atenção do inĂcio Ă© esse. Foram gravadas entre setenta e oitenta mĂşsicas para o que se tornou o To Pimp A Butterfly, e com o material todo em mĂŁos, foi um trabalho de direção de cinema em juntar as pecinhas e fazer esse filme clássico.
Funk, jazz, rap. É mĂşsica demais! A produção merece uma escultura projetada no meio de uma montanha. Que trabalho fantástico. Tem muita gente envolvida e estas com influĂŞncias e habilidades variadas, o que torna o álbum muito heterogĂŞneo e original. Um masterpiece de inovação, uma aula de como se reinventar e colocar o nome no topo. Na tradução literal de “RAP” (Rhythm & Poetry) esse álbum foi equilibrado em um nĂvel que nĂŁo vemos sempre. Instant classic. Illmatic que se cuide.Nota: 10/10 - ArielBPaivaNĂŁo existe punição maior na comunidade do rap do que escrever apenas um parágrafo sobre To Pimp A Butterfly. Há os que dizem que Ă© virtualmente impossĂvel expressar a genialidade artĂstica que Kendrick teve nesse trabalho. O motivo Ă© simples: a densidade de sentido Ă© tanta que parece inumano traduzir tudo em preto no branco. Começando pela referĂŞncia ao romance de Harper Lee "To Kill A Mockingbird" (1960), passando pela maneira como ele conecta seus recursos artĂsticos e polĂticos — a condição dos negros na maior economia do mundo, seus sentimentos pessoais, o diálogo com 2Pac Shakur (RIP) — com a proposta de exploração do talento negro que Ă© carregada pelo nome da obra. Isso tudo alĂ©m de "ressuscitar" o boom bap na cena do rap, com uma releitura do funk dos anos 80 — uma das primeiras, senĂŁo a primeira aparição do rap no mundo — em sua produção. Esse álbum vai ser lembrado atĂ© o fim do Hip-hop. Merecidamente.Nota: 10/10 - RaulMarquesRJ - RaplogiaQuais os aspectos de um excelente álbum? CoesĂŁo, boa produção, boas rimas, criatividade, features que acrescentem ao projeto, um conceito inteligente, uma concepção bem pensada. Kendrick foi capaz de unir todos esses aspectos, e nos dar To Pimp A Butterfly. PorĂ©m o mais importante, e o diferencial, de um álbum muito bom para um clássico Ă© a sua originalidade junto ao impacto que o projeto teve na cena, e o rapper conseguiu novamente um instant classic. K.Dot juntou vários elementos da cultura afro-americana, como o jazz,o funk, e ainda assim droppou um trabalho extremamente coeso sonoramente, devido muito Ă quĂmica entre eles e os grandes artistas que trabalharam em TPAB. Comparado ao grande good kid, m.A.A.d City, To Pimp A Butterfly tem uma concepção mais criativa, desde a ideia da capa, atĂ© a entrevista pĂłstuma com 2Pac, e o poema que discorre por todo o álbum, e em termos de produção Lamar nĂŁo poderia ter acertado mais. Obra prima.Nota: 10/10 - Vinar (TheRapSh!t)To Pimp a Butterfly Ă© um dedo na ferida do cenário mainstream do Rap americano. Escasso de artistas que se engajam em causas sociais, o cenário foi presenteado com Kendrick Lamar, um artista que nĂŁo apenas faz mĂşsica boa, mas que luta contra e expõe as desigualdades no mundo, mas principalmente na sociedade americana. No sucessor do aclamado Good Kid, Maad City, Kendrick inova mais uma vez. Foge de criar um conceito com histĂłria pessoal como no seu antecessor, conta histĂłrias que refletem o seu povo em geral. Musicalmente falando, o disco Ă© perfeito. Influenciado em boa parte pelo funky americano, o projeto que chega a contar com George Clinton (Funkadelic) pode ser um definidor de tendĂŞncia musical em breve. Com certeza teremos artistas se inspirando nos inatrumentais de To Pimp a Butterfly. Os produtores que participam do disco sĂŁo na maioria desconhecidos, fazendo com que Kendrick tivesse um controle criativo maior sobre o projeto. Com grandes momentos como King Kunta, Alright, Hood Politics, Complexion e i, o To Pimp a Butterfly chegou para ficar marcado, tem um peso social maior que o do seu antecessor, deixando mais fácil de diferenciá-los e ver a tremenda evolução do rapper. ParabĂ©ns, K.Dot!Nota: 10/10 - AkaJoe - RaplogiaVeredito FinalComo podemos ver, alĂ©m de agradar a galera do Genius em geral, os resultados nĂŁo mentem, muitos outros artistas do gĂŞnero, inclusive aqui do Brasil tambĂ©m bateram palmas para a obra produzida pelo Kendrick. Obra esta que ganha enorme significado quando pensamos no contexto social em que os Estados Unidos estĂŁo passando, retratando tambĂ©m sua caminhada para fama e seu amadurecimento sem ignorar esses fatores sociais.
Do comportamento ao visual, do primeiro sample atĂ© a entrevista com 2Pac, dos clipes atĂ© as apresentações ao vivo, K.Dot convida o ouvinte a enxergar o mundo a partir de sua perspectiva e de uma forma muito mais pessoal que good kid m.A.A.d. city, mas ao mesmo tempo reflete de forma muito mais social, fazendo com que o ouvinte fique imerso no mundo de TPAB. Isso nĂŁo quer dizer que suas obras anteriores sĂŁo ruins, muito pelo contrário, Ă© possĂvel fazer a ligação com muitas das mĂşsicas de seu álbum e mixtapes anteriores.
Cartoons & Cereal, por exemplo, uma faixa que o próprio rapper diz ter um carinho muito grande, teve seu papel no clipe Alright. Remixes e novas participações após o lançamento também tem adicionado mais detalhes a esse enredo recém começado, a carreira extremamente promissora de um jovem de Compton.
Quando teremos um novo álbum, ou melhor um novo capĂtulo ou cena? NĂŁo temos a menor ideia, mas atĂ© lá ainda há muito que discutir e repercutir a respeito de TPAB. We gon’ be alright!MĂ©dia das Notas: 10