Raul Seixas
É Fim de Mês
[Letra de “É Fim de Mês”]

[Verso 1]
(É fim de mês, é fim do mês)
É fim do mês (É), é fim do mês (É)
Eu já paguei a conta do meu telefone
Eu já paguei por eu falar e já paguei por eu ouvir (Ouvir)
Eu já paguei a luz, o gás, o apartamento
Kitnet de um quarto que eu comprei a prestação
Pela caixa federal, au, au, au, eu não sou cachorro não
(Não, não, não) (Eu liquidei, eu liquidei)
Eu liquidei a prestação do paletó, do meu sapato, da camisa
Que eu comprei pra domingar com o meu amor
Lá no cristo redentor, ela gostou (Ó) e mergulhou (Ó)
E o fim de mês vem outra vez
(E o fim de mês vem outra vez)

[Verso 2]
Eu já paguei o peg-pag, meu pecado
Mais a conta do rosário que eu comprei pra mim rezar (Ave Maria)
Eu também sou filho de Deus
Se eu não rezar eu não vou pro céu (Céu, céu, céu)
Já fui pantera, já fui hippie, beatnik
Tinha o símbolo da paz pendurado no pescoço
Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação
Já fui católico, budista, protestante
Tenho livros na estante, todos tem explicação
[Verso 3]
Mas não achei, eu procurei
Pra você ver que procurei
Eu procurei fumar cigarro Hollywood
Que a televisão me diz que é o cigarro do sucesso
Eu sou sucesso (Eu sou sucesso)
No posto esso encho o tanque do meu carrinho
Bebo em troca meu cafezinho, cortesia da matriz
There's a tiger no chassis (There's a tiger no chassis)
Do fim de mês, já sou freguês
Do fim de mês eu já sou freguês
Eu já paguei o meu pecado na capela
Sob a luz de sete velas que eu comprei pro meu Senhor
Do Bonfim, olhai por mim

[Ponte]
Tô terminando a prestação do meu buraco
Meu lugar no cemitério pra não me preocupar
De não mais ter onde morrer
Ainda bem que no mês que vem
Posso morrer, já tenho o meu tumbão, o meu tumbão

[Verso 4]
Eu consultei e acreditei no velho papo do tal do psiquiatra
Que te ensina como é que você vive alegremente
Acomodado e conformado de pagar tudo calado
Ser bancário ou empregado sem jamais se aborrecer
(Ele só quer, só pensa em adaptar)
(Na profissão seu dever é adaptar)
(Ele só quer, só pensa em adaptar)
(Na profissão seu dever é adaptar)
Eu já paguei a prestação da geladeira
Do açougue fedorento que me vende carne podre
Que eu tenho que comer que engolir sem vomitar
Quando às vezes desconfio se é gato, jegue ou mula
Aquele talho de acém que eu comprei pra minha patroa
Pra ela não, não, não me apoquentar
[Saída]
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês, é fim do mês)
(É fim do mês)