Victor Xamã
Nortes
[Refrão: Sumano]
Imagina se os menor daqui souberem quem são
Da força que têm, fodido cêis tão
Apressa meu tempo vivo e pensam que vai ficar por isso meso (não!)
Imagina se os menor daqui souberem quem são
Da força que têm, fodido cêis tão
Apressa meu tempo vivo e pensam que vai ficar por isso meso (não!)

[Verso 1: Sumano]
Querem nós em tirolesas, erram e se retiram ilesos
Se não contemplar os nossos, hoje é tiro neles
Revoltado em cada ataquе, o coração mais guerrilheiro
(O coração mais guerrilhеiro)
Nega escrita que viro MC
Nega escola que viro griot
Pega as arma que eu viro bala
Mata um herói que me torno um
Na tua falha, sou goleador
Tiro a faixa desse capitão
Bem Vinagre pela capital pra decapitar o teu governador
Na oratória trouxemos a guerra
Pra fazer guerra dentro da guerra
Séculos que eles só fizeram merda
Mas não são donos da porra da terra
E diz o que fica: o santo vivo ou o que se crucifica?
Os da fuga ou os que se prontifica?
Bem N’Zinga, mais cedo nós vinga
Bota a cara e conhece minha íra
[Ponte: Sumano]
Hoje vai ter sangue azul no inferno verde
Tomamo de assalto a city em meio-dia
Forjam amnésia porque temem os nossos
Cada vez que canto mais cabano fico
Hoje vai ter sangue azul no inferno verde
Tomamo de assalto a city em meio-dia
Forjam amnésia porque temem os nossos
Cada vez que canto mais cabano fico

[Verso 2: Victor Xamã]
Cheiro de medo, bicho da mata
O perfume e a beleza do dia
De noite se torna sombria
Se perde na entrada
Grita "Amazônia" mas nunca te vi por aqui
Falo segurando a faca
Esconderam essa história de mim
O poder tem a mesma cara
Quer te fazer de meritocrata
Te vestir de cara pálida
Dar espelhos e roubar tua alma
Pegar aos poucos tua humanidade
Em cidades construir cidades
No teu peito colocar barragem
A troco de que?
Manutenção do poder!
Hoje vai ter…
Sangue azul no inferno verde
Bicho da mata, eu sinto cheiro do medo
Sangue azul no inferno verde
Grita Amazônia mas nunca te vi (nunca te vi) por aqui
[Refrão: Sumano]
Imagina se os menor daqui souberem quem são
Da força que têm, fodido cêis tão
Apressa meu tempo vivo e pensam que vai ficar por isso meso (não!)
Imagina se os menor daqui souberem quem são
Da força que têm, fodido cêis tão
Apressa meu tempo vivo e pensam que vai ficar por isso meso (não!)

[Verso 3: Moraes MV]
Eles devastaram o chão sagrado com discurso de conquista
Passaram borracha numa história que eu mesmo extraia
Falam da revolta em exagero, como pura histeria
Mas em condições iguais, hoje, quantos Sumano nós teria?
Milhares de vezes pensei em parar:
“Mano, taca o foda-se e puxa o gatilho!”
Mas pensei melhor, não vou fazer igual
Então mato no verbo, só no trocadilho
Quantos parente perderam seu povo?
Quantos passados viraram mistério?
Falam em evolução com floresta no chão
Invadem território pra roubar minério
(não mais!)
Vão me conter, como Kanté, me libertei
(não mais!)
Vão me calar, Kunta Kinte, como cantei
(não mais!)
Vão me conter, como Kanté, me libertei
(não mais!)
Vão me calar, Kunta Kinte, como cantei
Nunca!