Froid
O Rapto do Menino Dourado
[Verso 1: Yank]
Eu vivi batalhas, vitórias
Tive medalhas, memórias
Mas tô julgando pelo meu ponto de vista
Só quem ta na pista e rala pelo o que acredita
É que pode definir seu próprio conceito de glória
Meu conceito, meus relatos
Baseados e fatos
Finalmente um trato
Eu assinei o meu próprio contrato
Hoje eu trato de outra forma
Dei um trato em algumas normas
Nessa obra agora eu retrato minha auto-reforma
A miliano procurando um motivo
Buscando uma causa pra lutar, um incentivo
Nessa eu me mantive vivo
Até meu privo me provar
Que esse não é o meu lugar
E eu não devo me mover pra ver mudar
Nem viver pra ser do jeito que eles querem
Se no final o meu final vai ser igual ao dos que aderem
Então não interfere pra dizer como prefere que eu viva, mano
A vida é um relógio em contagem regressiva e agressiva
Me entrego, mas não me apego a ela
Eu nego e não pego trilha
Eu trilho ela à capella, na guela
Eu vivo na minha própria fábula
Coração blindado, cinza, petrificado: Igual um gárgula
Mundo de rebeldia eu aprecio insanidade e emoção
Minha diferença nasce da inconformidade
Eita porra
E dá nojo muita coisa aqui
Só que eu não vou me adaptar, nem engolir
Vou ligar só pra mim
[Verso 2: Froid]
Cogeração de mal elemento
Momento de só pro detento
Tá preso por dentro
Aprendi com o dia que a ideologia, mais que argumento à disposição se altera no curro
Despacho de tempo à madame
É, faz tempo que eu treino
Há mais ou menos dezenove, vinte e novembro
A questão é que a sorte, a fortuna só nasce num príncipe forte
A princípio ele sofre-o
Que não comove, ignora
Se adapta ou corre
Tu mata ou tu morre
Riqueza não cabe no cofre
Cuidado com o poste
Pinote depende do porte
Caminhos com corte
Sudoca, arniqueiras, asa norte
Viva pelo tesão ao que ama
Não é desatenção que se chama
Mesmo com a complicação que se chama
É, minha opção de não ter que apoiar a trama por gana
É, escravo da grana
A grama do meu vizinho tem um brilho mais bacana
Não atrasa meu lado
De tanto que tu olhou
Se tu for lavar a mão com cada um que secou
Tu vai deixá-la de molho
Minha mão apertou
Mas olha pra mina
Que sabe que é minha
Eu tô precisando de um ofurô
Tem nego querendo sentar no meu muro
Como se eu fosse tolo
Não vai subir, parou
Nunca me trouxe um tijolo
E o curso natural da vida é te meter em rolo
Fugindo da argura do lado de fora das grades que argura nenhuma
Underground tem cura pra minha loucura à procura da causa que irá saciar minha angústia
E no meio da fuga a culpa é de quem define a estrutura
A essa altura eu to longe
No meio da rua
Sorrindo pra lua
Com a cara na mão
A cabeça calcula a distância da fúria
Quem procura, acha
Um dia a gente se encaixa e vai ser sem querer
A vida flutua e passa
Já virou fumaça, parça
Tu vai achar graça quando a causa for você
[Verso 3 - Sampa]
Sem ilusão que mata, arrebata quem tem mente fraca
Na briga incentiva na pata
Pra frente na marcha
Subida sentida por partes
Puta ultrapassa um monte de farsas
Sente que aguça, acumula a culpa
Jura, mas julga
Opondo a desculpa
Não se ocupa
Corre pra rua
Procura a cura, mas nunca a sua
Chama de louco, reclama que é pouco
Espírito morto, julga o solto
Hábito porco, cobiça o ouro
Visa redouro, lucro e drogo
Ciclo proposto
Ficou curioso
Sem perda no olho
Relembra de tudo, concentra em tudo, respira bem fundo
E me aponta o verdadeiro louco
E permaneça embriagado de dúvidas
Remédios sem bulas
Prescritos nas ruas
Conflitos, torturas
Sem farsas, sem pausas
Desgraças que causam minha causa no fim
Ainda sim, aguardei em silêncio
Bom senso na pista
Me cansei
Novo milênio
Humanidade de partida
Vendo a compaixão na cena do desastre
Sendo eles quem são então aprenda o ataque
Pois o amor foi corrompido: Entrou na fila do abate
Ao lado da flor: Comprimida pelo peso da cidade
Não calei minha fala
Não cedi à maldade
Uma lei tão errada
Entendi outras verdades
Agora meus passos tomaram formatos
De batidos, desabafos encontraram consolo
Sobre linhas, tantos marcos se tornaram incentivo
A cada rima canto, fecho a conta e continuo a escrever a vida