Vitorino
Meu querido Corto Maltese
Na voz, busco força, anseios
No mar, a brisa e a calmaria
Não vejo porquê nele encontrar só tormentas
Se ele é o caminho que abranda as minhas contendas
Já fui p'ra lá de toda a tristeza
Ao fundo, mais longe que a solidão
Por ele voltei na barca dos meus encantos
Com ele afastei de mim má sina e prantos

Voltei ao meu porto de abrigo
Baixei vela, lancei ferro, que saudade do teu olhar
Busquei, estavas na mesa do canto
Copo de vinho à espera da aventura sempre à mão
Trazias no peito uma flor
Num coração ditoso, pois quem parte traz sempre feridas
Da guerra, da luta contra os elementos
Mas teu colo morno eterno sempre me vai acolher

É tarde, estou cansado, vou ficar
Se as ondas forem perfeitas
E o vento e a Lua não me chamarem outra vez