Da Weasel
Encostei-me para trás na cadeira do convés
[Verso: Sinde Filipe]
Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos
E o meu destino apareceu-me na alma como um precipício
A minha vida passada misturou-se com a futura
E houve no meio um ruído do salão de fumo
Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez
Ah, balouçado na sensação das ondas
Ah, embalado na ideia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã
De pelo menos neste momento não ter responsabilidades nenhumas
De não ter personalidade propriamente
Mas sentir-me ali
Em cima da cadeira como um livro que a sueca ali deixasse.
Ah, afundado num torpor da imaginação
sem dúvida um pouco sono
Irrequieto tão sossegadamente
Tão análogo de repente à criança que fui outrora
Quando brincava na quinta e não sabia álgebra
Nem as outras álgebras com x e y de sentimento
Ah, todo eu anseio por esse momento sem importância nenhuma na minha vida
Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros análogos
Aqueles momentos em que não tive importância nenhuma
Aqueles em que compreendi todo o vácuo da existência sem inteligência para o compreender
E havia luar e mar
E a solidão
Ó Álvaro