Vitor Ramil
Pingo à Soga
Quando penso em ti, rincão querido
Deixo estirado o maneador na estaca
E me recordo daquela indiada taca
E de muitas mágoas que tenho sofrido

À tardinha., quando o sol se esconde
Vem a saudade me mudar de pasto
Eu a cabresto vou deixando o rastro
E fico pensando sem saber aonde

Lusque-fusque, vejo o fogo no galpão
Ouço a cordeona num soluçar tristonho
Longe do pago me representa um sonho
E sinto bater forte no peito o coração

Ouço o cincerro da velha égua-madrinha
Quero-quero gritando lá no baixo
Fico alegre quando alguém me quebra o cacho
E vou ver a china linda que foi minha

De madrugada, ao romper da aurora
Cheio de pranto que meu peito afoga
Tenho vontade de rebentar a soga
E ir relinchando pela estrada afora