Fresno
Manifesto
A gente acorda pra vida e não quer sair da cama
A gente abre a ferida na pele de quem nos ama
A gente vive na guerra, a gente luta por paz
A gente pensa que sabe, mas nunca sabe o que faz
A gente nega o que nunca teve forças pra dizer
A gente mostra pro mundo o que se quer esconder
A gente finge que vive até o dia de morrer
E espera a hora da morte pra se arrepender de tudo

E todas essas pessoas que passaram por mim
Alguns querendo dinheiro, outros querendo o meu fim
Os meus amores de infância e os inimigos mortais
Todas as micaretas, todos os funerais
Todos os ditadores e sub-celebridades
Farsantes reais encobertando verdades
Pra proteger um vazio, um castelo de papel
Sempre esquecendo que o mundo é só um ponto azul no céu

Quem é que vai ouvir a minha oração?
E quantos vão morrer até o final dessa canção?
E quem vai prosseguir com a minha procissão
Sem nunca desistir, nem sucumbir a toda essa pressão?

No escuro, a sós com a minha voz
Por nós, quem? Quem? Quem?
Antes, durante e após, desatando os nós, hein? Hein? Hein?
Sente no corpo uma prisão, correntes, vendas na visão
Os caras não avisam, balas não alisam, minas e manos brisam
E precisam de mais, mais visão, ter paz
Note que o holofote e o vício nele em si te desfaz
Menos é mais, e o que segue é a lombra
Onde se vacilar os verme leva até sua sombra
Cada qual com seu caos
O inferno particular
Tempo, individual
E o amor, impopular
Quem é que vai ouvir a minha oração?
E quantos vão morrer até o final dessa canção?
E quem vai prosseguir com a minha procissão
Sem nunca desistir, nem sucumbir a toda essa pressão?

Só existe uma maneira de se viver para sempre irmão
Que é compartilhando a sabedoria adquirida
E exercitando a gratidão, sempre
É o homem entender que ele é parte do todo
É sobre isso que o manifesto fala
Nem ser menos e nem ser mais, ser parte da natureza, certo
Ao caminhar na contramão disso, a gente caminha
Pra nossa própria destruição