Facção Central
O Poder Que Eu Não Quero
[Verso 1: Eduardo]
Não vou ser o juiz que decide quem fica vivo
Desse tipo de poder, cuzão, eu não preciso
Reservam pra mim só um caminho pro status: o do refém em pânico encharcado de álcool
Quero fugir do desastre arquitetônico
Só que a Rossi não dá visto pra avião supersônico
Cansei de ver mano feliz orgulhoso com seu Browning belga .50 novo
Condecorado com tatuagem no braço simbolizando o gambé que ficou em pedaços
Mãos pro alto não é o máximo que eu posso chegar
Deixa o Artur milionário dar asas pra eu voar
Sala de chat, intercâmbio em Nova Jersey
O Chiquinho Scarpa Junior tá pronto pra se chefe
Com doze anos adesivos de cem países na mochila
Igual ao Papa falando mais de sessenta línguas
Pra mim não dão Land Rover pra eu fazer off-roading
A aventura é pular muro e buscar o rango de hoje
Pra que limusine no crime se no final do filme o laudo ponta no meu crânio três balas de rifle
Vaca, enfia no cu sua bolsa, seu colar
Não vai se masturbar, gozar, vendo o PM me matar
Os moleques só precisam de um exemplo de glória
Ver um da favela vencendo sem pistola

[Refrão: Eduardo]
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
[Verso 2: Dum-Dum]
Presidente, põe a primeira dama no puteiro
Mesmo com mil clientes, vai ter nojo do dinheiro
Nota suja com lágrima fruto de dor não tem valor, é conquista sem sabor
Quem não preferia sem velório comprar um carro com computador de bordo
Pedir pro corretor a conta pra depositar pra amanhã eu pegar a chave do apê de vista pro mar
Queria minha filha na montanha-russa sem lembrar do grito de dor de nenhum filho da puta
Também sonho com o mundo sem grade, sem lança, sem miolo de segurança perto das crianças
Imagino o sorriso do tio mais humilde trocando madeirite por uma goma estilo Alphaville
Tendo CEP, endereço pra nunca mas no crediário ser discriminado porque é favelado
Os cu critica, mas, insisto, acaba de FAL quem de quintal tem esgoto com porco tipo curral
A criança que não anda só tem um problema: não ingere carne nem leite, desnutrição extrema
Barrigudo, inchado só pro sistema é saudável
Com o sistema neurológico afetado é robô pra ser dominado
Na certa não vai almejar cargo político
Mas vai mandar fita de vídeo torturando seu filho

[Refrão: Eduardo]
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
[Verso 3: Eduardo e Dum-Dum]
Igual o Zico driblei todos os convites
Hoje era pra eu tá fazendo atentado com dinamite
Explodindo fórum, matando promotor
Lançando o best-seller "As mil faces da dor"
Eu disse "não" pro magnético com senha com tudo
Era só por o clone digitar pra ter o lucro
Pensei no carrinho lotado no Extra
Também no diabo rindo com buraco na minha testa
Vejo os manos oferecer TV, computador
Da carga que catou e o satélite não rastreou
Pentium, laptop, Sony Vegas, Philco Plasma, o plaquê de nota, bala, mas no fim sei como acaba
Em outra carta da cadeia em tom de despedida
Indo pro saco envenenado porque matou polícia
No gabinete do político tem seu boneco
Igual ritual vodu enfia agulha e bate o prego
Te faz ir pro aeroporto buscar sua chance
Engolir droga e na Europa tomar laxante
É um 147, um carro forte com grana
Só de bazuca assina o nome na calçada da fama
Engaveta seu sonho de gerente contábil
Não tem carteira pra você estudar sentado
Meu povo quer cargo político, poder aquisitivo
Não quer status com sangue de rico

[Refrão: Eduardo]
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro forte
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte
Não quero o poder que o sistema oferece
Através do refém, cuzão, fazendo prece
Quero nome na calçada da fama sem morte
Ser exemplo de vitória sem fuzil no carro-forte