Fokus
Jardim dos Sentimentos
[Letra de "Jardim dos Sentimentos" ft. Myka & Fokus]

[Verso 1: Myka]
A vida tem vários caminhos
Nós optamos pelos errados
Uma pergunta tem várias respostas
E acabamos calados
Rumos passados
Onde memórias são só histórias
Se o tempo e a distância traz perdas
Porquê que choras?
Imploras para dar a volta a tudo
Por amor mas
Não são palavras que apagam o sufoco
Nem as lágrimas!
Nem sonhos e planos
Onde supostamente tu estavas;
Foram só sonhos e planos
O destino é feito de expressões dramáticas!
Sorrimos todos só para dizer
Que somos felizes
Quando a felicidade está em darmos tudo
E ficarem só cicatrizes
Eras! a única flor no jardim
Onde hoje só vejo uma pétala
A planta era proibida
E não me deixaram ficar com ela...
Só noites em branco no escuro
Perdido em pensamentos e fumo
Se te contasse tudo o que sentia
Sentias-te mais do que és no fundo
Nem sempre o sangue nos une
Mas há laços que nos separam…
Um dia quem sabe vêmo-nos do outro lado
E tudo acaba

[Verso 2: Chek]
Abri os olhos no meio do vazio
O tempo voa e não me dá asas para voar sozinho
Neste céu pouco limpo
Onde até o próprio sol é cínico
A luz apagou-se acendendo o medo de estar no meu sítio
Como filho
Agradecido pelo meu corpo e os meus intuitos
Agora desfragmentados e separados em muitos
São só pedaços de nós
A voz desapareceu depois dos gritos
E desde então estamos sozinhos neste sítio!
Desculpem os termos
Há anos que os evito
Vi tudo girar em torno do guito
Fugi do círculo
Parecia tudo 'tão bonito, Miguel
O luxo é tão alto que há uma altura em que cais em ti
E ‘tás preso a is
Dias são dias
Mas há dias que são noites frias
Como um jogo de linhas que separa vidas em dois
Depois da chuva, encharcados agarremos os outros
E concentremos
Centremo-nos no melhor que nós não formos
Pai, o amor da vida dava-te ortigas
Até as margaridas florescerem
E darem à luz o ventre
Mãe do meu pensamento
Se um dia te perdesse, nunca mais era o mesmo
Perdia-me dentro de ti para sempre
[Refrão/Coro]
Da terra à atmosfera
Do céu caímos em direcção ao chão
Só sentiremos a dor após a queda
Nas nuvens
Já nada é o que era
Porque no fundo as coisas já não são tão grandes
E será que eram como o rio?
Não vemos o início
Mas vemos o fim da vida
Nos lagos formados pela junção das pingas
Na descida o labirinto tornou-se maior ainda
Os sentimentos no jardim, a mármore por cima

[Verso 3: Fokus]
Acende a noite
A luz do Sol opõe-se
Lavei a cara, limpei a vergonha
E todo o mal foi-se
Agarrei-me ao mundo
Se virmoa isto como um jogo
Que duremos a vida inteira
P’ra nos cruzarmos de novo
Se nunca nos cruzarmos mais
Vejo que a vida vale de pouco
Pelo menos enterrem a minha alma
Ao lado do teu corpo!
Nunca pensei sentir-me morto
Pelo menos era o que achava
Linda rosa queimou-se a vida
Ainda querias ser cremada
Apagou-se a chama
O tempo levou as cinzas
E trouxe as nuvens carregadas
E afoguei-me nas pingas
O tempo evapora
A terra cobriu muitos momentos
Tapou tudo e todos
Mas não deixei de ouvir os meus pensamentos
Até sempre
As pessoas deixaram de ser o que eram
Nada faz sentido
Por cá as coisas mantiveram-se
Iguais ao que tinhas visto
Por mais que seja ridículo
Nunca mais fui o mesmo
Desde a separação dos meus pais
Um novo início
Depois de tudo isso
As raízes secaram taparam as flores
E as plantas mortais
Vou p’ra onde tu vais
Passaram primaveras
Crescemos, morremos
Somos todos iguais
A nada
[Verso 4: Each]
Eu quis acreditar na história
De que as pessoas se transformavam em estrelas
Procurei-te mas perdi-me no vazio que há entre elas
Quis lembrar-me mas esqueci-me do que realmente eras
E acabei por ser outra coisa
E não o que eu era
(Era) simples como água evaporar do mar pelo sugar do sol
E subir quase até a atmosfera
Fui uma núvem quando pensei que o céu era ela
Precipitei-me gota a gota
O meu corpo caiu pela terra
Infiltrei-me nela absorvido até às suas pétalas
Trememos com a brisa
Instáveis como a vida
Hoje pisamos a pedras
Amanhã outros caminham
Logo quando nos calcam
As nossas pegadas também nos pisam
Colocamos sementes no lugar das que partiram
Guardando na terra a memória das flores que existiram
O cheiro mantém-se no ar
Embora já não respirem
Induzindo-me a pensar que ainda existem