Johnny Virtus
Fumo
[Verso 1: Fokus]
Dá-me lume p'ra eu poder acender um
Todos dias brinco com o fogo, e deito fumo
Pela matina, cafeína, nicotina em jejum
Todos dias morro um pouco como senso comum
Cravam-me um pedem-me lume p'ra poder acendê-lo
Vou cedê-lo ou fodê-lo? Só tenho um camelo
Hoje em dia há tantos, comMais distante eu dou o mínimo a quem devo mais que tudoo vários maços vazios
Aprendi que os vícios não se sustentam sozinhos
Aprendi que a parti-los leva p'a outros caminhos
Sem me perder, apenas segui outro destino
Até mesmo sozinho fui p'ra outro destino
O fumo levou-me longe para outro caminho
A nuvem passou e levou o que não é bem vindo
Levar com o fumo dos outros não é vida p'ra mim
Se é vida p'ra ti? Não é vida p'ra mim
Andar na nuvem dos outros nunca foi vida pra mim

[Refrão]
Eu tiro duas dou-te a minha pica
Só me resta a rima
Atiro a ponta já nem ligo ponta
A quem levou com a minha
O fumo e as nuvens ficam por cima
E o fumo e as nuvens ficam por cima

[Verso 2: Tácio]
Eu 'tou a olhar p'a ti pousado num cinzeiro
Que é grande e 'tá cheio conta a história de um maço e meio
Na mão amasso mais um português vermelho
A pensar em concelhos que o meu velho nunca me deu
São mais ausências que palavras, relativadas
Por circunstâncias mal paradas, nuvens formadas
Excesso de passadas largas, passas dadas
Onde pulmão foi o mínimo do que fodeu
Cigarro meu conta-me o que aconteceu
Distraimo-nos ao vento a esperança na ponta ardeu
Eu solto o fumo que abafa todo o perfume
Que me desperta a calma p'a eu não disparar a fundo
Por dentro eu tou imundo mais cansado que profundo
Mais distante eu dou o mínimo a quem devo mais que tudo
Contigo eu 'tou seguro nas nuvens faço o futuro
Dos fracos reza a história a vida vivem os duros
[Refrão]
Eu tiro duas dou-te a minha pica
Só me resta a rima
Atiro a ponta já nem ligo ponta
A quem levou com a minha
O fumo e as nuvens ficam por cima
E o fumo e as nuvens ficam por cima

[Verso 3: Paulinho]
Seguro-te entre os dedos metes-me os lábios presos
A medos e momentos difíceis de percebê-los
Não sei se tu concordas da forma que às vezes penso
Acalmas-me e quando apagas guardas sem pedir segredo
Num desejo ao qual me envolves e mostras desdo começo
Tudo fazes pra eu estar melhor e matas-me ao mesmo tempo
Entre o fumo e o silêncio as escolhas parecem múltiplas
Quanto mais perco a sombra mais perto eu tenho as dúvidas
E sei que tu me aturas naqueles dias nervosos
E dás-me momentos calmos com meia dúzia de trocos
Quantas conversas travas marcadas por tanta raiva
Quantas palavras guardas com o cala-te não digas nada
Daí passa a luz do dia e apago-a no meu cinzeiro
Depois a luz que se acendia veio sempre do meu isqueiro
Se a vida perde o sabor então sabes o que é que eu quero
No mais amargo do teu travo ver-te acabar em caramelo
[Refrão]
Eu tiro duas dou-te a minha pica
Só me resta a rima
Atiro a ponta já nem ligo ponta
A quem levou com a minha
O fumo e as nuvens ficam por cima
E o fumo e as nuvens ficam por cima