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Cypher da Traqueia
[Letra de "Cypher da Traqueia"]

[Verso 1: Babba]
Esta minha geração ainda não chegou a casa
E eu fico preocupado com o meu irmão
A sua interpretação quando baza
Fica a impressão que há distâncias que nos separam
São ilusórias, são apenas histórias
Pormenores de pessoas sóbrias
Define-me, convida-me, estiga-me, mente-me, ensina-me
Tudo é válido (Pau) Já não 'tou pálido
Segura-te, ando a falar comigo próprio e só digo atura-me
Ela chateia-me porque eu já 'tou na traqueia
Ganda moca, ganda buba, já 'tou com a barriga cheia
Sente-se obrigada a sair de noite de lua cheia
Porque dá-se à lua na esperança de caçar para alimentar toda a alcateia
Hip-hop grita lobo NFO escrito a fogo, gravata e gorro
O mais perto não pede socorro
Eu grito ou morro, venho com pouco
Gasto pouco e venho mouco e ganho muito, 'tás louco

[Verso 2: Benny Broker]
Percebe-se pior o que digo mas parece menor o que sinto
Parece sozinho por mim
A divagar se vai ao longe
Aqui o vagar já se foi todo
Eu sou um B, bora, bebe, bafa
R, rocka rap rasca
O e agora é OK
R é o que é e é relativo
Mas bebes daqui
Pois de lá partimos o planeta Terra ao meio
E 'tou a falar comigo, caneta o que é que eu sei
Por que é que eu sei? Já nem sei de que terra sou
Ando a tripar paredes a fazer das trips coração
[Refrão: Pabra]
Até que a morte nos separe
Até que a morte nos separe
Onde é que a morte foi vasculhar?

[Verso 3: Pabra]
Acordar, não quero voltar a sonhar tibado no bar
Se me aborreces é porque tens aquilo que não mereces
Quando estou por perto o gato preto mostra medo
Conheço o seu segredo, espetador do degredo
Expulso Roma por um grego
A noite é minha amiga
Se não fosse a sua amizade
Não seria 'tão bem-sucedido de dia

[Refrão: Pabra]
Até que a morte nos separe
Onde é que a morte foi vasculhar?
Acabou por me encontrar

[Verso 4: TILT]
Prefiro o diabo assumido a demónios com vestes de anjo
A convencerem-me que 'tão despidos
A contarem os dentes que ranjo
Risco tudo o que escrevi na vida para não deixar o rasto
De todo o tempo gasto que me lapida como estátuas
(Complexo de Atlas) Peso no ombro esqueço datas
Pa' conter sucatas no meu histórico virgem
Se um dia vivo pelo que dizem
Juro que morro pelo silêncio
Missão, identifica um mal e vence-o
Paradoxo humano, carne e osso
Tosse o cano, explode butano
Vim para alegrar o povo a receber o props profano
Pelas massas, tu vê-las baças atado pelas asas
Torce o mano, corre o pano e espera pelas palmas
Fecha os estores, dilata os poros pelas salas
Normal que adores, ronda a cónica
A fé é bomba atómica, história deprimente ou cómica?
Pergunta ao indiferente no meio da gente alcoólica
Área insólita, ignorância é crónica
Sou a dança sólida
Flow de quem dropou na pista
A apanhar a moca e gravou
Na visão mórbida 'tou, na visão mórbida 'tou
[Refrão: Pabra]
Até que a morte nos separe
Até que a morte nos separe
Onde é que a morte foi vasculhar?

[Verso 5: Tom]
Pé na estrada longe do que se passa
Visto como uma ovelha negra num rebanho de cabras
No meio de cobras e teias de aranha todas espalhadas
Eu vejo máscaras e todas elas são descartadas
E eu só tento ter a minha cara limpa dentro deste globo sujo
Mas eu sei que hei de ter 30 ainda farto disto tudo
Atitude rude, dizem que eu sou arrogante
Dizem que sou um miúdo e que nunca fui um santo
Enquanto eu fico com o meu grupo
O que é importante
É que o people meta play e escute num instante
Ando à deriva neste sítio, o meu destino é uma incógnita
E nem em mim confio porque o mundo todo é hipócrita
Ya porque o mundo todo é hipócrita
E eu aqui perdido à procura da resposta

[Verso 6: Mass]
O globo gira com a ira de quem já não motiva
Evito a força para abrir essa ferida
Corre pa' entrar na corrida
Em busca da utopia dessa terra prometida
História foi corrompida em prol desses manos
Que se venderam e vergaram aos pés desse mambos
Anjos e demónios são hermanos
Enquanto não te passa pela cabeça o esforço que nós passamos
Aqui servos cresceram com o sacrifício próprio
Quando decidi não lutar contra o ódio, é óbvio
Amor dá ao próximo, é o raciocínio lógico
Mass promete que vais deixar de ser metódico
Perde esse medo ao pódio, dá férias ao neurónio
Mais dois passos para deixares de ser tu próprio
Apoteótico, neurótico sem voz
Até os egrégios avós têm dó de nós
Fiel ao que nos tornámos e somos
Agarrado ao que temos, o resto que vem é bónus
[Verso 7: Uno]
'Tou sempre dependente duma boleia bêbeda
Que pelo menos me leva tempo, ya
Estico o polegar, não 'tou fixe, só queria ser levado
Juntamente com o desperdício reciclado
Eu fiz, foi brusco este movimento em mim
Por isso contribuo com um pensamento extinto
Tenho cedido a suplicações de socorro em línguas distintas
O que tem sido bom argumento para nunca as ouvir
A Terra partida ao meio deu-me um partido
Nascimento do bem deu-me a esperança de vê-la parir
Junta-se a culpa que é minha
Sem conseguir decifrar a lei das ajudas que eu tinha
Sem esquivas e defesas do meu foco intemporal
Abre a ferida até perceber que todo o Glóbulo é Global