Uno Consultório
Boa Pergunta
[Verso 1: Benny Broker]
Vou para a rua e ponho-me à chuva todo nu
Constipo-me, espirro, assoo-me, cuspo
Mas para limpar a alma
Tinha que chorar baba e ranho
E o meu corpo sujo
Como é que isto se conclui ou se justifica?
Boa pergunta
Ninguém responde, nunca houve solução
Espelho esconde o ângulo morto
Burro, obtuso ou maluco como tu
Óbvio, lógico e o oculto?
Se 'tá tudo à vista do terceiro olho?
Levantam-se as questões, puxem
Inicia a busca infinita, não deixes para depois
(Torna-te prisioneiro hoje)
E lembra-te que és livre de não querer saber
E de pôr um ponto final em toda a linha de pensamento
Qual é o propósito afinal?
Mas de que é que aqui tudo se trata?
Isso é aquilo que ninguém sabe
O que é que faz sentido?
Porque é que tás aqui?
(Nunca ninguém sabe)

[Verso 2: Uno]
Vais meter olhos na nuca
E os da frente serem uma desculpa
Para quando a atenção só pode caminhar noutra direção
Mano jura-me
Com figas atrás das costas
Porque acredito em muitas mentiras
E isso ajuda-me a fazer demais
E começar a abusar das confianças
Lá está
Incomoda ou não sabes?
Porque é a vida, melhor
Preferes que se vá voluntariamente
Ou que te atirem
Se não fores, tu és digno
Se fores estrago será que julgo?
E se for sacrifício por um bem maior
Cada um com a sua
Atual máxima das pessoas
Mas porque é que não se unem na aldeia ou na cidade?
Separados pelos gostos pessoais
Ou pela ideia de privacidade
Os vórtices mentais, agarra-te a qualquer lado
Desenvolve esse toque
Serás bonança e tempestade ao mesmo tempo
Que gostas e não gostas
A resposta está na grande questão
Colocada de outra forma
[Verso 3: L O R D]
Impecável
É assim que eu gosto da minha retórica
Perspetiva suspeita
Como qualquer livro de história
Qualquer mente sólida questiona os contornos do seu molde
E todo o sistema limita o quanto desenvolves
Dizeres: "nunca me calei"
À pala disso
É hipócrita e dizeres que não fazes parte
Só me comprova o quanto és escória
Porque é que eu me restrinjo pelos meus filtros?
Porque é que há tantos motivos
A separar estes teus vícios?
Vigilo tronco frio no topo deste edifício
Feito corvo onde a luz não resiste ao horizonte
E o evento suga toda a energia
Porque é que não te galvanizas noutras periferias?
Conforme etapas e dias
Tomam várias formas
Perspetiva dilata onde [o lar?] chama da droga
Porque o tempo não para
Só aperta mais a corda
E porque é que se transforma num monstro?
Boa pergunta...