Uno Consultório
Mantras
[Verso 1: João Santana]
E hoje para me levantar da cama
Repeti um mantra genérico
Ainda tou a decidir se me parece inspirador ou pindérico
Sei que são
Certas palavras que repetidas me dão o motivar sintético
Necessário para enfrentar um mundo porco sem anticéptico
São vocábulos, rábulas usadas, são as onomatopeias vocalizadas
De forma sincronizada
Para te levar a zona de motivação desejada
Onde não és afectado por nada
Onde a insegurança é macabra cabra maltratada
Mas na lixeira virtual hoje a sujice é tanta
Tive de lavar a cidade com gás e fogo para filtrar um mantra
Mas mesmo assim еsta voz meus males não espanta
Dеmasiada alterada na melodia
Para agradar a minha cabeça tonta
Vai conta o que te motiva, a dizer o que te mantém vida
A fase ou frase alternativa
O clinch dum cliché que te persiga
E a tanto te obriga
O teu mantra ecoa na tua barriga
Faz rever no teu umbigo mas nunca o perdeste de vista amiga
História repetida, cada um repete a frase que lhe soa bem misturada com o que lhe soa bem, não e por mal nem bem
Mas sempre papaste e siga
Então no silencio ouve-se uma frase batida
Cada mantra é uma chance de recomeçar a vida
Merda, recomeço atroz
A repetir slogans industriais fiquei sem voz, arrastei-a por demasiadas vielas sem dó
Antes de a perder senti o nó, agora repito mantras
Sem sentido sentado numa sala só
Sem significado no pó, meu piano só toca dó
A restante sinfonia silenciou
Por todos os mantras que tocou
E por conspurcar a sinfonia da vida com lemas
Que tornam tudo relativo
Fui condenado a uma vida de mantras sem sentido
[Verso 2: Uno]
Durmo sozinho sem amigos imaginários
Porque sempre tive um espião
Passa-me o best off do Jim, ou compreende os meus ataques
Para eu não acabar ali a ler a revista visão
Sem vista para aquele parque
O prisma não me agrada
A delirar ou a fazer som posso gritar à vontade
E podes ver que já fui calmo
Quando tinha calma era doido às escondidas
Até decidir dar a cara
Aproxima-te à vontade, os dentes nunca foram facas
Se foram foram falsas para assustar a malta, era tão fácil
Sou a expressão da veia saliente na testa
Que dá conversa mas não cabe lá nem um dedo
Insere-o no teu buraco (um qualquer)
E se doer ou perguntarem porque gritas
São terapias do oriente
Já me perdi no meio do progresso que até simula atraso
Mas misturo bateria e baixo com palavras sem nexo
Para um gajo pouco cultivado
Louco, nunca internado
Habituado a dizer “éhh lá” e a ser o elo mais fraco
Depois ir para casa para treinar mais
E ver que a vida é Karaté mano, solta o teu Ki-ai
[Refrão]
São mantras sem sentido
Conversas que tenho tido
Conceitos que tenho debatido
Mas bato sempre na rocha
Depois de ouvir o que digo

São mantras sem sentido
Conversas que tenho tido
Conceitos que tenho debatido
Mas bato sempre na rocha
Depois de ouvir o que digo

[Sample]