Uno Consultório
Eu e o meu comparsa, Carlos
[Letra de "Eu e o meu comparsa, Carlos"]

[Verso]
Enlouqueço num espaço de tempo mais pequeno que eu
Encurto a distância que me empurra para o céu
Sempre foi lá que estive, a pensar no que vivo
Hoje duvido que haja algo que não duvide
Assim como acho que isso nunca muda se eu não fugir
De um futuro miserável que me dizem ser destino
Mais tarde dizes ao teu filho para não pensar nisso
Porque se ele for como eu, tu nunca serás bem visto
Bem visto, será que um dia largo este fumo?
E fico de fato e gravata a sofrer como tu?
Será que deixo a minha música mais tarde
Para ter tempo de decorar o que não tem sigificado
Por favor fica acordado, é verdade que fodo neurónios
Tu só os usas para pensar no ódio
Sempre o mesmo diálogo, até ficar um monólogo
Eu já não digo nada, eu só penso e sabes logo
Concordo que corto relações sem sentido
Isso é porque hoje sinto o que nunca senti antes
Era tudo à base de sentimentos...
Hoje deixas quem sabe menos, e tu, sabes o quê?
Man... cada um vê aquilo que vê
E tu só olhas para aquilo que vês
Nem me custa saber que tudo custa esforço
Mas o esforço fez com que a cabeça fosse
Hoje regresso doido com conversas pouco
Convincentes aos ouvidos de quem convence o povo
Todos a quererem parar a guerra com mais guerra
Dão-te armas para as mãos e tiram-te de lá a erva
Para mim é tudo à base do quanto tu te entregas
A uma felicidade em que tu não te integras
Quanto mais a idade dá-me o que já foi dado
Mais respostas surgem para argumentar que isto é a média idade
Numa versão barata do homem da antiguidade
Mas sem liberdade para te manteres antigo
E dado o facto que os factos escondem-se atrás
Do mal que faço em não seguir quem pôs isto como está
Eu... nem estou cá, estou feliz isso é raro
Encontro uma pessoa rara, andamos com o tempo contado...
Porque é que não partimos tudo a metade?
Ficamos com o amor e os outros ficam com o que sobrar
O meu mundo sempre foi estranho para quem
Nem sabe o que tem, por isso estranham o que tenho
E peço desculpa a quem eu disse a verdade
Sem Contrapartidas que envolvam a perspectiva de estranhos
Não quero saber se sei o que se passa à minha volta
Só quero saber deste pesadelo em que ninguém acorda
Pensamentos soltam-se, e prendem-me à corda
Com que me enforcam, na casa, na escola
Na rua, à porta da minha própria morte
A cena vai mudando consoante a nossa sorte
Tanto faz o que fazes, não sorris se estás contra
Quem conta contigo só para viveres ao faz - de - conta
És feliz? Foda-se, tu és feliz?
Isto só pode ser a selva onde nos tratam como bichos!
Olha para isto... mais tarde vejo-te com 20
A ser a pessoa que criticavas quando tinhas 15
Sempre a dizer que está tudo controlado
Até que chega a altura em que és controlado por algo
E não podes fazer nada...
Se fores gritar para a rua pões em risco a tua casa
Se tentares mudar o mundo, ou mudas tu ou matam-te
Só dos merdas é que eles sentem falta
Falta-me algo, o quê eu não sei
Não vou procurar, o que achei perdi também
Só não perco os sorrisos
Que via na tua cara, apesar de tudo já te disse
Que tudo o que prometi foi à base de improviso
Mas a minha falta de ar era demais para este beat
Corria mais rápido do que eu a fugir de ti
Daqui a uns tempos ainda te vais lembrar de mim?
A dizer que me ligas mais tarde tipo Rita e...
Tarde demais aparece ela a rir-se de mim
Com a vida sem mim, é mais fixe
Eu sério e ela caga como eu nunca fiz
Admito que minto se disser que não penso nisso
E é um milagre ter alguém que me ponha mais feliz
Mas que se fodam lamechisses
Ando a notar que rappers devem estar mais tristes
Com a tristeza que metem nisto...
Mas o rap tuga não morre enquanto eu sobrevivo
Enquanto ainda viver o Osiris, o DR
O Ori, o Sentinela, o Kara e o Necxo
Metafórico, Cam, o Pirralho e o Mass One
O Puto P, o SV, Metamorfiko e TMC
Então já vês? Não somos tão poucos
Que preferem a verdade do que a paca dos outros
Passa-me outro pombo, tudo é mais fácil enquanto voo
Quando o efeito passar, retir o que disse no som
Abandono sonhos, mas de mim já não sai...
Nada vai para longe só com a força dos pais
Vai, não mostres quem és
Nem ao espelho, ele faz-te mais velho
Quem me dera não saber que morro
Ou então também saber que vou viver de novo
Só quero mudar o mundo e não ficar famoso
Apaguem as luzes, baixem o que oiço
Passar anos sem voz só para falar depois
Finalmente os dois...
Com tantos planos para a vida acabo a dizer o que me dói
Com tanto sangue à partida devemos ser do mesmo
Boy, todos são meus irmãos até morrer
Ou até me matarem man o que é que eu fui dizer?
Agora já nem tento ser o que querem que seja melhor para mim
O que for preguiça serve logo
Conto contos de erva para tudo se ver pior
Assim passo o resto da morte, cego por amor