Miguel Luz
DARAVOLTA
[Intro]
Querem dar a volta, querem dar a volta
Sou só um selvagem que a sociedade molda
Hey hey, querem dar a volta
Mas eu tou bem atento a tudo a minha volta

[Verso 1]
Bitch, sociedade, sinto que tens conspirado
Contra a minha identidade e no que eu tenho acreditado
Moldado, eu tenho tado, cansado sem perceber
Se já me entraram na mente não me adianta correr
Porque é que árvore se chama dessa maneira?
Como é que aceitei chamar-lhe isso a vida inteira
Podia ser torradeira aye
Expliquem-me esta merda bem
Quero anotar isto, tenho um papel na carteira
Mas eu não posso, porque é dinheiro
Que contém valor e dá para salvar o mundo
A cena é que antes de Adão partir Eva no cu
Nada disso existia, estragaste tudo!
Eu não pedi, para viver aqui
Queres que sucumba à macumba pa cuba vou fugir
Todas estas estruturas criadas, tipo empregadas
'Pa tentar que o homem viva em paz, tão todas a ruir!
Olhe, quer a promoção? (NÃO)
Ouça este refrão! (NÃO)
Não me encaixam nessa embalagem de cartão
Tou com buéda embalagem para ficar preso no chão
Dás-me ar de condicionado enjaulado nesta prisão
Ya, agora tou supa dupa chill
Num bar a chillar ela entra a mil
Será que vou falar?... Ya eu vou falar
Eu já tou a chegar ao pé dela e mando 'pó ar
Qualquer coisa que ela ouça, e que desperte o interesse
Ela vira-se e convida-se pa beber, eu ofereço
Toma um gin...
Mandou-me aquele desprezo
Que me deu aquela pica para continuar em peso
Do nada enquanto fala a mão pega na minha
E sinto a pele da perna esquerda dela contra a minha
Os olhos congelaram na iris preta da nina
Sem saber o nome dela mas a saber que me queria
Levantei-me, subtil, puxei-a, encaminhei-a
Tranquei-a na wc, ela já só tinha uma meia
Mas quando eu ia beijar, ela saca duma seringa
Aproxima-ma da traqueia, sinto arrepio na espinha (Ah!)

A h h uQé qué esta merda??? çihow uiçpQÉQs e tá a p a ss a r

Do nada acordo, numa secretária
Fato e sapato, gravata bem apertada
Mal posso esperar pa ter um telemóvel novo
Yo alguém tem pomada para pôr no meu pescoço?
No pescoço, picada no pescoço
Costumava haver uma voz aqui dentro mas calou-se
Não sei donde apareceu esta picada no pescoço
Mas não deve ser nada esta picada no pescoço
Agora tou-me a lembrar dum bar e d'alguém
Que acabou por afastar-me do trilho que eu procurei
Corri bué até ao escritório do meu patrão
E com suor e raiva grito, interrompo uma reunião
(A chorar)
Querem dar a volta, querem dar a volta
Sou só um selvagem que a sociedade nota
Querem dar a volta
Mas eu tou bem atento a tudo a minha volta!
Tão a ouvir? Eu tou atento! Isto não faz sentido nenhum!
A sociedade molda-nos para poder existir, para o ser humano poder viver em "sociedade" mas a verdade é que isto tá tudo fodido! Nós não conseguimos viver todos em paz uns com os outros. Portanto podem-me deixar experimentar só viver? Tipo, só viver, sem rótulos? Eu também não sou uma garrafa de água
N- n ~ao, ou tRA vEzz nãoodh!duow±


- Como é que tás?
- Tá tudo bem contigo?
- Tá tudo. Olha, pa variar trago-te aqui mais um
- O quê, outro? Porra, só esta semana já são 5...
- Eu não sei o que é que se tá a passar com isto...
As pessoas andam-se a revoltar todas!
- Epá, também não compreendo pá
Até parece que tá a ficar tudo apanhado, ou quéque se passa...
- Pois é. Isto é um sistema tão bom...