Lupe de Lupe
Querubim
Houve um tempo, cansado em que vivi
Fadigado eu cresci
Houve um dia, marcado no boletim
Meus amigos que vinham a mim
E houve então, um murmurio de aprovação
Mas foi tarde que vi razão
E se hoje eu sei bem
Que se os dias morrem
Meus erros não

E se quer saber
Aonde quer que eu vá serei
Visto perambulando sem nunca chegar
A entender
O porque de ser tão tolo ao ponto de achar
Que vou poder ver
Que um dia fui feliz e descansar ao alvorecer

E essas feridas, tantas
Já não doem
Eu nem me importo mais
E se essa vida avança, os anos correm
Me deixando pra trás
E essas feridas, quantas
Já não doem
Eu nem reparo mais
Dou minha face em prantos, que me corroem
Mas secos, tanto faz
E essas feridas, santas
Já não doem
Eu já não ligo mais
Que ser reconhecido, sem ser vencido
Já não consigo mais, não
Houve um tempo
Em que o céu era azul pra mim também
Mas esse tempo
Rasgado repousa ao fim
Do martírio que aflige a mim
E se fosse o certo, me manteria aberto
Ao descaso do querubim