DJ Caique
Reis
[Verso 1]
E era janeiro de 85, os jornais atiram novidade
Minha mãe de lavanda e absinto, rogando por deuses de mentira
Cruza a parte baixa da cidade, cultiva o Demônio na cintura
E dúvida toda vez que respira num bairro chamado Liberdade
Cabeça pesada bebendo do copo do caos, aqui somos todos rivais
Peça engatilhada pra não perder o foco da causa, vence quem volta pra casa
Eu jogo de nove nos campos de várzea, matador nato da velha ribeira
E quem acredita na terra plana não perdeu amigos nessas ladeiras
Obuie, fugindo tarde da rota, vestindo as roupas de Jorge
Tiros na porta de casa, contos da Avenida Nove 1999
Vivendo à margem do Brasil, com o peito em estado de sitio
É isso ou morrer no início, e definhar num cômodo vazio
Quem vem de onde eu venho é difícil chegar a idade que eu tenho sem duvidar
Às vezes empenhando o oxigênio pra viver o sonho sem divida
Livre das pragas do engenho, anjo sem asas eu sou problema
Do cais da cidade pequena, calada da noite trajando algemas

[Refrão]
Eu sou rei, yeah
Crucificado em livros de leis
Aos 16, como Joana D´Arc
Passando liso igual Mach 3

[Verso 2]
De volta pra casa vivo, é tudo que peço e falo sério
Com a peça camuflada entre livros, tua vida ecoa no hemisfério
Histérico igual choro de mãe, nos beijos do mundo de hortelã
Vilão pela selva de concreto, e aqui cada passo é histórico
Os Deuses me olham com ironia, dopado de doce e peçado na laje
Sob a luz da lua, anestesia, espantado com as letras do Ultraje
E quantos se perdem na corrida quando ser feliz foi só uma fase
O caminho de casa é mais difícil e o mundo complica por prazer
Obuie, tava atrasado pro trampo, homem livre aos 19
Correndo a rua de casa, contos da Avenida Nove 1999
Vivendo à margem do Brasil, com o peito em estado de sítio
É isso ou morrer no início, e definhar num cômodo vazio
Eles vão dizer que foi sorte, que mereço a morte por existir
Nos dedos de Mari, 18 quilates, valeu filha por insistir
Meu mano somos de verdade, nessa cidade dividida
E quem faz isso por vaidade, aconselho cês a desistir

[Refrão]
Eu sou rei, yeah
Crucificado em livros de leis
Aos 16, como Joana D´Arc
Passando liso igual Mach 3
Eu sou rei, yeah
Crucificado em livros de leis
Aos 16, como Joana D´Arc
Passando liso igual Mach 3
Eu sou rei, yeah
Crucificado em livros de leis
Aos 16, como Joana D´Arc
Passando liso igual Mach 3