[Verso 1: M'Cirilo]
Momentos estão em mim presos a um perfeito quadro
Já chorei de tudo e de mim, já nada sai chorado
Se há corrida, há partida, se há conflito, há harmonia
Se há futuros há memórias, se há podres, há mais valias
Vi muito rosto sofrido com gotas a descair
Um sinal exoberante para esta dor existir
Gotas essas que deslizam ,de teimosia correm
Salgam doces pensamentos mas magoam quando morrem
E este cansaço que não me deixa sorrir
É o mesmo motivo da raiva que não desejo ver partir
Quantas vezes eu vi máscaras que são só teatrais
Com riachos que por sinal correm rostos sem sinais
Palavras vás podem matar vidas mendigas
De cor cinza, ausentes, esfumaçadas e mentidas
Abram-se as portas das nuvens, deixem correr a cascata
Guardo em mim esta chuva de fios bordados a prata

[Refrão: M'Cirilo]
Não dá p'ra viver com medo é cedo
Apesar do azar que a vida teve
Quando já não te percebo eu escrevo
Agarrei-te e vi em ti um trevo

Não dá p'ra viver com medo é cedo
Apesar do azar que a vida teve
Quando já não te percebo eu escrevo
Agarrei-te e vi em ti um trevo

[Verso 2: Berna]
Se esta vida são 2 dias já passei 1 no cochilo
Aprendi com as lições, mas não me fiquei por pupilo
Quando o tempo nasce triste também tens de curti-lo
A fartura traz o risco mas quem vem medi-lo
Amigos não param contigo, apenas conhecidos passam
Querem-te dar algum apoio,mas não acredites que o façam
Somos todos muito unidos quando pegas na taça
Mas a verdade é que ainda ontem a cumplicidade era escassa
Pelo caminho andas sozinho a bater portas nas trevas
Ouviste tantas vezes que não que já não suportas as regras
Fumas erva p'ra esquecer onde colocas as merdas
Mas a visão do teu futuro é a única coisa que cegas
Dá sempre o dobro que tiveste agora és um Pai de família
Se deves menos do que deste alguém estará de vigília
Aceita apenas o que ganhas mas não o refundas no bolso
No fim partilha-o com quem amas e valeu o esforço

[Refrão: M'Cirilo]
Não dá p'ra viver com medo é cedo
Apesar do azar que a vida teve
Quando já não te percebo eu escrevo
Agarrei-te e vi em ti um trevo

Não dá p'ra viver com medo é cedo
Apesar do azar que a vida teve
Quando já não te percebo eu escrevo
Agarrei-te e vi em ti um trevo